Fobias: o medo exagerado


Sobre o medo

Ao contrário do que se pode pensar, o medo é uma reação útil e até mesmo desejada de nosso organismo. É por causa de nossa capacidade de ter medo que podemos sobreviver a situações de perigo iminente. Se não tivéssemos medo, por exemplo, não conseguiríamos escapar de um animal feroz que vem em nossa direção. O problema surge a partir do momento em que se teme, em exagero, situações cotidianas e que não apresentam ameaças reais à integridade do indivíduo. A esses medos desproporcionais e persistentes chamamos de fobias.

As Fobias

Um aspecto importante do medo fóbico é que o indivíduo nornalmente tem consciência da irracionalidade do medo, ou seja, ele sabe que seu medo é exagerado e injustificado. Uma pessoa com fobia de elevador, por exemplo, pode até saber que milhões de pessoas usam elevadores diariamente sem que ninguém se fira, mas mesmo tendo esse conhecimento o indivíduo ainda tem medo de andar de elevador. As fobias estão entre as psicopatologias mais comuns na população geral, com uma prevalência girando em torno de 4,5 a 11,8 % da população geral. Contudo, a porcentagem das pessoas que procuram ajuda clínica está bem abaixo dos índices de pessoas que têm o problema. Isso acontece pelo fato de que o indivíduo nem sempre está em constante contato com o objeto fóbico ao ponto prejudicar a sua vida. Um fazendeiro, por exemplo, que tenha claustrofobia (fobia de lugar fechado) não teria a sua rotina de vida mudada, ao contrário de uma pessoa que trabalhe num prédio em que precise diariamente andar de elevador. Já alguns tipos de fobias podem ser mais incapacitantes, como no caso da fobia social (ansiedade em situações sociais) a agorafobia (medo de locais em que a pessoa não se sinta em segurança). Para fins de compreensão é interessante que se especifique o tipo de fobia apresentada. As fobias podem ser dos seguintes tipos:

Tipo Animal. (por ex., insetos, pássaros, gatos, cachorros, ratos).

Tipo Ambiente Natural (por ex., alturas, tempestades, água, fogo).

Tipo Sangue-Injeção-Ferimentos.

Tipo situacional (por ex., aviões, elevadores, locais fechados).

Outro Tipo (por ex., esquiva fóbica de situações que podem levar a asfixia, vômito ou a contrair uma doença; em crianças, esquiva de sons altos ou personagens vestidos com trajes de fantasia).

Como surgem as fobias

Antes de tudo é interessante se diferenciar o medo da ansiedade. Ansiedade é a reação fisiológica de que nosso organismo para fugir ou lutar em uma situação de perigo. Algum dos sinais que se observa numa pessoa ansiosa é o aumento do ritmo cárdio-respiratório, a dilatação periférica dos vasos sanguíneos (o que pode gerar rubor facial) e a sudorese (suor). O medo é uma interpretação de uma situação como sendo perigosa para o indivíduo, podendo ser acompanhado de ansiedade (como na maior parte das vezes) ou não.

Para que uma pessoa desenvolva algum tipo de fobia, ela tem que ter tido alguma experiência desagradável no passado com o objeto de seu medo. Uma pessoa que tem fobia a cão, por exemplo, não nasce com medo de cão. Ela pode ter sido atacada ou mesmo ter visto alguém ser atacado por um cachorro. Alguém que tenha medo de lugares fechados certamente teve alguma experiência que a fez interpretar lugares fechados como sendo um perigo real para sua integridade. Outras vezes, a pessoa não passou por uma experiência traumática, mas pode ter distorcido informações sobre o objeto de medo. É o caso de pessoas que tem medo exagerado de formigas, com receio de contaminação, ou ainda, pessoas que criam fobia à água por terem lido em um jornal que os rios estão cada vez mais contaminados. Também encontramos aquelas pessoas que não conseguem identificar, quando questionadas, uma razão para o surgimento de seus medos exagerados. Isso pode acontecer pelos mais diversos motivos. Um evento traumático pode ser de desagradável lembrança (não sendo interessante para indivíduo lembrá-lo) ou, ainda a experiência inicial desagradável pode ter caído no esquecimento pelo fato de não ter tanta relevância para manter o problema atual quanto as experiências mais recentes. Para exemplificar, temos o indivíduo que teve uma experiência desagradável com baratas quando criança, uma barata entrou dentro de sua roupa, por exemplo. Essa experiência pode ter iniciado a fobia, o indivíduo fica mais ansioso em situações em que exista a possibilidade de contato com o inseto, mas para que a fobia permaneça outras experiências, seguidas de fuga da situação, são necessárias. Se essas experiências mais recentes forem mais fortes elas terão uma carga emocional maior para o indivíduo, como não é interessante ter muitas lembranças desagradáveis, a mais forte é a que fica e a pessoa lembrará de situações de medo exagerado mais recentes e não se lembrará de como começou.

O que fazer para superar uma fobia

Quando se tem medo injustificado de algo é esperado que esse medo desapareça com o tempo. Mas, por que quando se tem fobia de algo ao invés desse medo desaparecer ele aumenta? Isso tem a ver com a forma com que a pessoa enfrenta a situação. Se uma pessoa tem medo de altura e sempre evita essa situação por se sentir ansiosa, a evitação diminui a ansiedade, mas faz com que o medo de altura continue. O comportamento de evitar a situação temida é o principal responsável pelo medo não desaparecer.

O que fazer então? A única forma de se vencer um determinado medo é enfrentando. É claro que se deve ter cautela ao se enfrentar um tipo de situação. Aqui estamos falando do medo fóbico, ou seja, o medo exagerado de uma situação que não ofereça risco. Se a situação oferecer um risco real não se aconselha o enfrentamento.

Seguem-se algumas dicas de como enfrentar o medo fóbico:

1. É interessante conhecer mais sobre o objeto de nosso medo, pois a familiaridade com ele vai terminar por diminuir o medo. Se você tem medo de elevador, leia sobre eles, converse com alguém que trabalhe com manutenção e pergunte sobre as possibilidades de ocorrer um acidente, procure na Internet algo sobre o funcionamento do elevador e as medidas que se toma para evitar acidentes, se você pensar racionalmente verá que as chances de ocorrer um desastre no elevador são quase nulas. Assim você aprender que o elevador é o meio de transporte mais seguro que existe, e que há mais chance de sofrer um acidente andado de skate ou de bicicleta.

2. A reestruturação do pensamento, mudar a forma de perceber a situação, é algo importante para o enfrentamento. Deve-se ter em mente que o problema não está na situação em si. Tudo depende de como se percebe a situação. (esse trabalho de reestruturação cognitiva é mais bem efetuado junto a um psicoterapeuta).

3. Não se deve evitar situações que causam medo, pois isso só faz com que o medo permaneça, e vamos acabar trancados em casa com medo que um meteorito ou avião caia em nossas cabeças.

4. É interessante praticar alguma técnica de relaxamento, tal como meditação ou Yoga.

5. Deve-se ir aos poucos. Se tivermos medo de cão deve-se ler sobre eles, ver fotos e figuras e quando isto não mais incomodar é que se deve buscar contatos mais diretos, sempre aos poucos. Se o medo é de uma situação deve-se proceder semelhantemente, buscando informações e imaginando-se na situação temida, após ter se acostumado em imaginar-se no lugar temido, por exemplo, um elevador, a pessoa deverá entrar em contato gradualmente até que não exista mais temor.

6. Um dos pontos mais importantes é a postura de confiança em se enfrentar a situação. Pessoas que acham que não vão suportar ou que pensam negativamente sobre o enfrentamento tendem a fracassar. Deve-se ter uma constante atitude mental positiva. Tente passar a se dizer mentalmente, em situações complicadas, a seguinte frase: "Calma, tudo vai acabar bem". Você vai ver que terá mais disposição para enfrentar as dificuldades e para aceitar os inevitáveis fracassos que nos ocorrem de vez em quando. E o mais importante é não desistir nunca. Saber que você é quem manda em sua vida e não o seu medo. Saber que é possível se livrar de qualquer tipo de medo e que só depende de você. Algumas das dicas oferecidas aqui são o bastante para você se livrar de seus medos. Em outras ocasiões a ajuda profissional é necessária.